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Título: Becos, barracos e buracos : afetos e fabulação Deleuziana em Becos da memória, de Conceição Evaristo
Autor(es): Goulart, M. Larissa Mourão
Orientador(ra): Oliveira, Elcio Lucas de
Membro(s) Banca: Duarte, Constancia Lima
Jardim, Alex Fabiano Correia
Rocha, Antônio Wagner Veloso
Palavras-chave: Becos da memória - Evaristo, Conceição, 1946-. – Crítica e interpretação;Deleuze, Gilles, 1925-1995. - Crítica e interpretação
Área: Linguistica, Letras e Artes
Subárea: Letras
Data do documento: 14-Mar-2022
Resumo: Esta pesquisa concentra-se em analisar a obra Becos da memória, de Conceição Evaristo, sob a tônica dos afetos e da fabulação deleuziana, por meio de uma revisão da literatura, adotando-se como método a pesquisa bibliográfica. Tendo em vista que não há um referencial específico para estudo de obras literárias no que tange ao estudo dos afetos, buscou-se fazer um levantamento acerca da concepção de afeto em autores e estudiosos de diversas áreas examinando a sua aplicabilidade à análise e crítica literária. Além disso, procuramos elucidar o termo fabulação, como esse se configura, a priori, como um esboço e, posteriormente, como um conceito propriamente dito, desenvolvido por Gilles Deleuze (1992, 1997, 2002, 2003) e sistematizado por Ronald Bogue (2010), o qual investigou a sua função e empregabilidade nos estudos crítico-literários. Na construção de Becos da memória, Evaristo (2017) salienta que sua escrita não se trata nem de ficção nem de autobiografia, de maneira que na base de sua obra está presente o que ela denomina de “escrevivência”. Na tessitura de seu texto, Evaristo lança mão das memórias do tempo de menina e preenche os espaços lacunares com a invenção. O resultado é uma obra com uma profusão de vozes narrativas que revisitam desde o passado da escravidão no Brasil até os tempos mais recentes. À vista disso, este estudo dedicou-se a analisar como essas várias vozes se organizam no texto, verificando aspectos estéticos acerca da linguagem e do romance como uma voz da coletividade; bem como buscou debater sobre as marcas da alteridade do negro a partir da análise da personagem “a Outra”. Examinou-se o papel da memória afetiva e discutiu-se alguns conceitos relativos ao tempo e à fabulação deleuziana na construção da narrativa. A partir da análise das personagens, observou-se como Vó Rita, Tio Totó, Bondade e negro Alírio podem ser lidos como o amor, a ancestralidade, a bondade e a militância, respectivamente. Construídas de forma tipificada, demonstramos como a alegorização desta tétrade cumpre o papel de representar uma ideia, funcionando como os quatro pilares que devem sustentar a construção de um novo arranjo da sociedade. Para se ajustar a tal propósito, portanto, é mister que essas personagens sejam representadas com este tipo de estabilidade planificada pois exercem o papel de pedra angular na edificação de uma coletividade porvir. Perscrutamos ainda, como se dá o processo da escrita fabulativa de Conceição Evaristo, indicando como sua escrevivência se revela como um movimento da fabulação no sentido deleuziano. Evidenciou-se como a narrativa de Becos da memória cumpre os objetivos da fabulação deleuziana como uma “experimentação ancorada no real, o tornar-se outro (devir-outro), o mito (legendar) e a invenção de um povo porvir” (BOGUE; 2010). Ao final deste trabalho, as considerações convergem em direção ao plano de pensamento de Ronald Bogue (2006; 2010; 2011), corroborando a perspectiva desse teórico quanto à aplicabilidade da fabulação deleuziana como ferramenta de estudos de textos literários, tendo em vista que essa se mostrou produtiva na análise de Becos da memória, de Conceição Evaristo, revelando-se útil como um modelo teórico de análise crítica neste caso.
URI: https://repositorio.unimontes.br/handle/1/1834
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