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https://repositorio.unimontes.br/handle/1/594
Título: | Doença de Chagas |
Autor(es): | Ferreira, Ariela Mota |
Orientador(ra): | Haikal, Desirée Sant’Ana Nunes, Maria do Carmo Pereira |
Membro(s) Banca: | Sabino, Ester Cerdeira Molina, Israel Costa, Henrique Silveira Paula, Alfredo Mauricio Batista de Monteiro Júnior, Renato Sobral |
Palavras-chave: | Doença de Chagas;Aprendizado de máquina;Autopercepção;Prognóstico;Atenção Primária à Saúde;Revisão sistemática |
Área: | Ciencias da Saude |
Subárea: | Medicina |
Data do documento: | 2021 |
Resumo: | A Doença de Chagas (DC), causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi (T. cruzi), é considerada uma das treze principais doenças tropicais negligenciadas que ainda hoje aflige muitos países da América Latina, incluindo o Brasil. Esta tese, apresenta cinco diferentes estudos acerca da DC. 1) O primeiro estudo objetivou desenvolver modelos e avaliar diferentes técnicas de aprendizado de máquina (AM) para prever a morte em dois anos de pacientes com DC. Os dados foram provenientes de um estudo de coorte multicêntrico denominado SaMi-Trop (Centro de Pesquisa de Medicina Tropical São Paulo-Minas Gerais). Cerca de 2000 individuos portadores de DC provenientes de 21 municipios endêmicos do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha, têm sido acompanhados desde 2014 pelo SaMi-Trop. As variáveis preditoras foram provenientes da linha de base e o desfecho, que foi a morte, proveniente do primeiro seguimento. A predição do desfecho foi realizada com três configurações diferentes de AM: somente com variáveis de entrevista, somente com variáveis de exames complementares e, por fim, com variáveis de entrevista e variáveis de exames complementares. Todos os modelos foram avaliados em termos de Sensibilidade, Especificidade e G-Mean. Entre os 1959 indivíduos portadores de DC considerados, 134 (6,8%) faleceram em dois anos de seguimento. As diferentes técnicas de AM atingiram um acerto na predição de morte de 62% à 78%. 2) O segundo estudo objetivou investigar a influênica de fatores contextuais e individuais na autopercepção em saúde de portadores da DC. Trata-se de um estudo transversal multinível. Os dados individuais foram provenientes do 1º seguimento do estudo de coorte SaMi-Trop. Dados contextuais relativos aos 21 municípios incluídos no SaMi-Trop, foram também coletados de bases de dados públicas do governo brasileiro. A variável dependente foi a autopercepção em saúde (positiva vs negativa). Regressão logística multinivel hierarquizada foi conduzida. Observou-se 22% dos portadores de DC com autopercepção negativa. Houve menor chance de autopercepção negativa entre aqueles que residiam em municípios com população menor (OR=0,600), e maior chance entre os que residiam em municípios com menor número de médicos/habitantes (OR=1,512) e que residiam em municípios com maior taxa de analfabetismo (OR=1,558). Dentre as variáveis individuais, houve maior chance de autopercepção negativa entre aqueles com limitações funcional (OR=2,000), que apresentavam nível de NT-pró BNP alterado (OR=1,911), com hipertensão arterial (OR=1,500), com menor renda (OR=1,523), que residiam há mais de 100 km da Unidade Basica de Saúde- (UBS) (OR=2,529), que declararam acompanhamento irregular da Estratégia Sáude da Família (ESF) (OR=1,752), que não praticavam atividade física (OR=1,853) e que fumavam (OR=2,261). 3) O terceiro estudo objetivou investigar a contribuição do contexto social na ocorrência de eventos cardiovasculares na DC, também utilizando modelagem multinível. Os dados individuais foram provenientes da coorte SaMi- Trop e os contextuais das plataformas de acesso público do governo. O desfecho foi a ocorrência de eventos cardiovasculares (morte, fibrilação atrial e/ou implantação de marcapasso) considerando dois anos de seguimento. Regressão logística multinivel hierarquizada foi conduzida. Observou-se que 12,5% dos portadres de DC manifestaram novos eventos cardiovasculares no período de 2 anos de seguimento. Houve proteção para eventos cardiovasculares entre aqueles que residiam em municípios com maior população rural (OR=0,509); e maior chance entre os que residiam em municípios com menor número de médicos/habitantes (OR=1,698) e que residiam em municípios com menor cobertura de ESF (OR=1,468). Maior chance de eventos cardiovasculares também foi observada entre os mais velhos (OR=1,474), sem união estável (OR=1,420), que não fizeram uso prévio de Benzonidazol (BZN) (OR=1,599), com pior classe funcional (OR=2,007), que apresentaram duração do complexo QRS maior (OR=1,583) e apresentavam nível de NT-pró BNP alterado (OR=6,424). 4) O quarto estudo dessa tese objetivou conhecer a prática médica e o manejo de pacientes com DC no âmbito da Atenção primária em saúde (APS) de regiões endêmicas. Estudo transversal descritivo realizado com 104 médicos provenientes de 39 diferentes municípios das macrorregiões Norte e Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais. Os médicos apresentaram idade média de 33(±9,88) anos, 4(±7,26) anos de atuação na APS, 49% relataram que a graduação não ofereceu formação suficiente em DC. Observou-se insegurança, desconhecimento e carência de capacitações sobre DC. 5) Este último estudo abordou efeitos adversos relacionados ao tratamento da DC com BZN. Foi conduzida revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados controlados. Foram incluídos cinco estudos e houve registro de reações adversas ao BZN em todos. As reações adversas variam de acordo com a idade do paciente e esquema terapêutico adotado (dose e duração). A taxa de reação adversa chegou a 38% e o desfecho mais comum foi o rash cutâneo. Conclusão: Essa tese mostrou que é possível alcançar modelos com alta predição de morte em portadores de DC, através de técnicas de AM. Verificou também que as condições individuais não são protagonistas isoladas de condições relacionadas a saúde de portadores de DC, sendo que o contexto onde os indivíduos vivem também configura como determinante. Observou também que existe falha na formação médica quanto a DC e que a prescrição do BZN foi infrequente e permeada de insegurança. E por fim revelou que as reações adversas ao uso do BZN variam de acordo com a idade do paciente e esquema terapêutico de dose e tempo adotado. |
URI: | https://repositorio.unimontes.br/handle/1/594 |
Aparece nas coleções: | Teses e Dissertações |
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