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Título: Assistência à saúde de populações com doença de Chagas em área endêmica no Brasil
Autor(es): Damasceno, Renata Fiúza
Orientador(ra): Haikal, Desirée Sant’Ana
Membro(s) Banca: Paula, Alfredo Maurício Batista de
Caldeira, Antônio Prates
Ribeiro, Antônio Luiz Pinho
Molina, Israel
Palavras-chave: Doença de Chagas;Assistência à saúde;Tratamento farmacológico;Análise multinível;Pesquisa qualitativa
Área: Ciencias da Saude
Subárea: Medicina
Data do documento: 2021
Resumo: A doença de Chagas (DC) é uma doença parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi que afeta predominantemente populações pobres e vulneráveis. Apesar das reduções substanciais na prevalência e incidência da DC nas últimas décadas, essa doença ainda impõe uma grande carga social, econômica e de saúde pública na maioria dos países latino-americanos, entre eles o Brasil. O objetivo desta tese foi analisar a assistência à saúde de populações com DC em área endêmica no Brasil, sendo que para isso foram realizados três estudos. 1) O primeiro estudo objetivou estimar o percentual da população com DC do estado de Minas Gerais que teve acesso ao tratamento antiparasitário e descrever o perfil das prescrições do Benznidazol (BZN) no estado. Trata-se de um estudo transversal que analisou dados secundários referentes à prescrição médica e dispensação do BZN no estado no período de 2009 a 2019. Foram conduzidas análises descritivas e calculadas estimativas, frequências e médias. Os resultados mostraram que 0,28% da população estimada com DC para o estado de Minas Gerais (444.545) teve acesso ao tratamento antiparasitário no período de 2009 a 2019 e 0,26% da população estimada com DC com menos de 50 anos (321.404) teve acesso a esse tratamento na fase crônica da doença. O perfil das prescrições do BZN caracterizou-se por destinar-se, em sua maioria, a pacientes do sexo feminino (52,4%), adultos com menos de 50 anos (65,9%), com a forma crônica indeterminada (86,7%) e com o predomínio da alteração cardíaca maior (55,3%) quando presente alteração cardíaca. Mais de um terço (36%) das prescrições apresentaram dose insatisfatória conforme as recomendações terapêuticas vigentes para o período analisado. 2) O segundo artigo objetivou avaliar a prevalência e os fatores contextuais e individuais associados ao não uso dos serviços de saúde no último ano por pessoas com DC de uma área endêmica no Brasil. Trata-se de um estudo multinível organizado com base no Modelo Comportamental do Uso dos Serviços de Saúde de Andersen & Davidson. Os dados contextuais foram coletados em bancos de dados oficiais de acesso público do governo brasileiro, em nível municipal. Os dados individuais foram provenientes do primeiro follow-up da coorte SaMi-Trop. A amostra foi constituída de 1.160 indivíduos com DC. A análise foi realizada por meio da Regressão de Poison com Variância Robusta. A prevalência do não uso dos serviços de saúde no último ano foi de 23,5% (IC95%: 21,1-25,9). O fator contextual “maior população” (RP: 1,6; IC95% = 1,2-2,0) e fatores individuais relacionados à menor gravidade da doença, como classe funcional sem limitações (RP: 1,6; IC95% = 1,2-2,1) e níveis de NT- proBNP não alterados (RP: 2,2; IC95% = 1,3-3,6), aumentaram as prevalências do não uso do serviço de saúde no último ano por pessoas com DC. 3) O terceiro artigo objetivou explorar os desafios dos médicos de família para fornecer assistência aos pacientes com DC em região endêmica no Brasil com alta cobertura de serviços públicos de Atenção Primária à Saúde. Um grupo focal com 15 médicos de família foi realizado em um município participante da coorte SaMi-Trop. Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo do tipo temática. Os médicos de família apontaram como desafios para assistência aos pacientes com DC: formação médica insatisfatória; incertezas quanto ao tratamento antiparasitário na fase crônica da doença; dificuldade de acesso à atenção especializada; e banalização da doença pelos pacientes. De acordo com esses estudos, conclui-se que a assistência à saúde de populações com DC em área endêmica no Brasil ainda representa um importante desafio para o sistema de saúde. Investimentos na formação e capacitação dos profissionais de saúde e na organização de uma Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com DC em áreas endêmicas poderão aumentar o acesso das populações com DC ao diagnóstico, tratamento antiparasitário e acompanhamento longitudinal, reduzindo, assim, iniquidades em saúde em populações acometidas pela doença.
URI: https://repositorio.unimontes.br/handle/1/602
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