Estudo da sobrevida de mulheres com câncer de mama atendidas em um Centro Unificado de Tratamento do Câncer em Montes Claros - MG, Brasil

Abstract

O câncer de mama é a segunda neoplasia mais prevalente entre as mulheres e se caracteriza pela proliferação rápida, anormal e desordenada das células do parênquima mamário. No Brasil, foi registrado, em 2019, um total 18.068 óbitos por câncer de mama em mulheres, o que determina uma taxa bruta de mortalidade por esse tipo de câncer, correspondendo a 15,32 óbitos por 100 mil mulheres. A etiologia do câncer de mama é multifatorial e vários fatores estão relacionados a essa carcinogênese, como: alterações endocrinológicas, idade, etnia, obesidade, sedentarismo, alcoolismo, exposição à radiação ionizante e hereditariedade (responsável por 5% a 10% dos casos de câncer de mama). Como indicador epidemiológico, a sobrevida é um importante instrumento de planejamento em saúde, por subsidiar decisões clínicas e de gestão do cuidado, para que os parcos recursos da saúde sejam gastos com eficiência e efetividade em terapias que resultem em um melhor prognóstico clínico, menor redução de danos e em maiores níveis de qualidade de vida. O objetivo deste estudo foi estimar a sobrevida de mulheres acometidas pelo câncer de mama e identificar os fatores sociodemográficos, comportamentais, clínicos e terapêuticos que estão associados ao prognóstico da doença. Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo, analítico, constituído de 214 prontuários de mulheres diagnosticadas com câncer de mama no período de 2000 a 2010. Os dados foram coletados em prontuários das pacientes de um Centro Unificado de Tratamento do Câncer em Montes Claros - MG, com seguimento até setembro de 2020. A função de sobrevivência foi estimada pelo Método Kaplan Meier e as curvas de probabilidade de sobrevida acumulada, segundo o tipo de tratamento (conservador e não conservador), foram comparadas através do teste de log-rank, ao nível de significância de 0,05. Para identificar os fatores associados à sobrevida das mulheres, realizou-se a análise bruta e ajustada pelo modelo de riscos proporcionais de Cox. Na análise múltipla, foram estimadas as razões de risco (hazard ratio), com a intenção de identificar o efeito do tipo de tratamento na sobrevida das mulheres, ajustadas pelas características sociodemográficas, comportamentais e clínicas, ao nível de significância de 0,05. A sobrevida global do estudo, após diagnóstico, estratificada por tipo de tratamento, foi de 78,9% para mulheres tratadas de maneira conservadora e 30,5% para as tratadas com tratamento não conservador. As variáveis que se associaram ao aumento do risco de óbito foram: tratamento não conservador (HR=3,56; IC95% 1,28 – 9,92) e número de linfonodos acometidos que, quando superior a três, aumenta o risco de óbito em mais de três vezes (HR = 4,08; IC95% 1,64 – 10,14). Os achados reforçam a necessidade da adoção de medidas que possibilitem o acesso das mulheres ao diagnóstico mais precoce, o que pode resultar em maior tempo de sobrevida dessa população.