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Título: Revisão bibliográfica dos efeitos biológicos das principais arnicas brasileiras, e avaliação da toxicidade oral e efeito cicatrizante tópico da arnica brasileira, Lychnophora ericoides Mart (Asteraceae), no tratamento de feridas cutâneas em modelo animal
Autor(es): Marinho, Barbhara Mota
Orientador(ra): Santos, Sérgio Henrique Souza
Membro(s) Banca: Andrade, João Marcus Oliveira
Paula, Alfredo Maurício Batista de
Oliveira, Ivan Pires de
Lescano, Caroline Honaiser
Palavras-chave: Arnica;Plantas medicinais;Lychnophora ericoides;Testes de toxicidade;Cicatrização de ferimentos;Analgésico;Anti-inflamatório
Área: Ciencias da Saude
Subárea: Saude Coletiva
Data do documento: 2022
Resumo: Os produtos naturais tem contribuído há anos para o desenvolvimento da medicina moderna e continua desempenhando importante papel para a descoberta de moléculas bioativas. O potencial terapêutico das espécies vegetais tem sido foco de diversos estudos com o intuito de comprovarem a eficácia terapêutica e segurança. Seguindo esta perspectiva, as espécies popularmente conhecidas como arnica brasileira, em destaque a Lychnophora ericoides Mart., tem demonstrado importantes atividades biológicas tais como anti-inflamatória e analgésica evidenciadas tanto na cultura popular como na comunidade científica. Diante do exposto, essa tese teve como objetivo apresentar uma revisão dos principais efeitos biológicos, distribuição geográfica e potenciais usos descritos na literatura para nove espécies conhecidas popularmente como arnica brasileira. Ademais buscamos avaliar a toxicidade oral do extrato etanólico das folhas da L. ericoides e seu potencial terapêutico na reparação tecidual em ferida cutânea. Para a revisão foram consideradas nove espécies mais utilizadas na medicina popular como “arnica” foram evidenciadas na revisão: Calea uniflora, Chaptalia nutans, Lychnophora ericoides, L. pinaster, L. salicifolia, Porophyllum ruderale, Pseudobrickellia brasiliensis, Solidago chilensis, Sphagneticola trilobata. Segundo dados da literatura, as espécies são distribuídas pelos biomas Cerrado, Caatinga, Floresta atlântica, Pampa, Pantanal e Amazônia. São eficazes no tratamento da dor em processos inflamatórios, corroborando com o conhecimento popular. Apesar, de apresentar importantes atividades como antioxidante, leishmanicida, antimicrobiana e cicatrizante, nota-se que existe lacunas na literatura principalmente quanto ao mecanismo de ação molecular e a segurança de uso de algumas espécies e seus compostos isolados. Nesse sentido, a avaliação da toxicidade aguda seguiu o protocolo da Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) 423, no qual uma dose única de 50, 300 e 2.000 mg/kg do extrato etanólico das folhas da L. ericoides foi administrada oralmente em camundongos Swiss fêmeas. Os animais foram observados durante 14 dias. A toxicidade subaguda seguiu o protocolo OECD 407, no qual doses de 50, 300 e 500 mg/kg do extrato foram administradas diariamente por 28 dias consecutivos por gavagem oral em camundongos Swiss machos e fêmeas. Sinais clínicos, consumo hídrico e alimentar, hemograma, análise bioquímica do soro e a histologia dos órgãos foram avaliados. No estudo de toxicidade aguda foram observadas alterações histológicas no fígado, rim, pulmão e baço em todas as doses avaliadas. A administração contínua do extrato nas doses de 50, 300 e 500 mg/kg não resultou em mortalidade. No entanto, a contagem de glóbulos brancos em ambos os sexos aumentou significativamente, assim como a dosagem de fosfatase alcalina em machos tratados com 500 mg/kg de extrato. O exame histopatológico de fígado, rim, baço, pulmão e coração mostrou características degenerativas, com focos de infiltrados inflamatórios. Os resultados demonstraram que o uso oral do extrato pode desenvolver alterações em diversos órgãos, sendo assim, não indicado a sua administração oral. Apesar da toxicidade oral, as propriedades terapêuticas da espécie podem ser exploradas para outras finalidades, como o seu uso tópico para o tratamento de feridas cutâneas. Portanto, a atividade cicatrizante do extrato foi avaliada em modelo animal de ferida excisional. Para isso, camundongos machos C57BL/6 foram randomizados em quatro grupos, os quais receberam os seguintes tratamentos tópicos por 14 dias: Controle negativo- NC (veículo); Controle positivo- PC (Kollagenase®+cloranfenicol); Extrato etanólico das folhas da L. ericoides 5% -EELE 5; Extrato etanólico das folhas da L. ericoides 10% -EELE 10. O efeito na cicatrização foi avaliado por meio da análise da cinética de fechamento da ferida, análise histológica do tecido cicatricial coletado nos dias 3, 7 e 14 de tratamento, análise da angiogênese, contagem de mastócitos, re-epitelização e colagenização. Além da avaliação da expressão de genes marcadores de cicatrização. Verificou-se que as feridas cutâneas tratadas com o EELE 10% tiveram seu processo cicatricial acelerado, com resolução adequada e significativa da cicatrização, menor quantidade de mastócitos, maior deposição de colágeno e aumento dos níveis de expressão de mRNA de colágeno I, fator de crescimento endotelial vascular- A (VEGF-A) e fator de crescimento de fibroblato básico (FGF-2). Em resumo, relatamos pela primeira vez que L. ericoides acelera o processo de cicatrização de feridas, sendo, portanto, um potencial agente cicatrizante tópico para feridas cutâneas.
URI: https://repositorio.unimontes.br/handle/1/709
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