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Título: Experiências de usuários e profissionais na implantação da Gestão Autônoma da Medicação na Rede de Atenção Psicossocial
Autor(es): Pires Júnior, Roberto Carlos
Orientador(ra): Sampaio, Cristina Andrade
Membro(s) Banca: Martinez-Hernáez, Márcio
Palavras-chave: Pacientes - Uso de medicamentos;Autonomia;Serviços de saúde mental;Centro de Atenção Psicossocial;Janaúba (MG)
Área: Ciencias da Saude
Subárea: Medicina
Data do documento: 19-Mai-2023
Resumo: O modelo da atenção psicossocial, fruto da Reforma Psiquiátrica brasileira, trouxe importantes avanços no tratamento de pessoas acometidas por transtornos mentais ou em uso prejudicial de álcool, crack e outras drogas. A reabilitação psicossocial, finalidade permanente dos serviços que compõem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), propõe ações de promoção das oportunidades de recuperação e autonomia da pessoa com sofrimento mental, nos diversos âmbitos da vida. Todavia, observa se, no cotidiano dos dispositivos da saúde mental e na relação entre profissionais e usuários, contradições a esse princípio, especialmente em situações que envolvem o exercício da negociação e da decisão do usuário acerca de seu próprio projeto terapêutico, principalmente no que se refere ao tratamento farmacológico. Em resposta a esse desafio, a Gestão Autônoma da Medicação (GAM) é uma estratégia inovadora no campo da saúde mental, voltada para a reflexão do papel da medicação e de outras práticas de cuidado na vida cotidiana, fomentando nos usuários o desenvolvimento de atributos pessoais e sociais que possam: ampliar a qualidade de vida e bem-estar; expressar o saber proveniente da vivência subjetiva da medicação; ter acesso a direitos relacionados ao tratamento; colocar em exercício o poder de contratualidade, diálogo e gestão compartilhada dos cuidados com os profissionais de saúde. Diante disso, esta pesquisa – parte de um projeto do Laboratório de Estudos e Pesquisas Qualitativas Interdisciplinares em Saúde (LabQuali) do Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS/Unimontes) – teve como objetivo analisar os efeitos da participação em grupos GAM para profissionais e usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) na cidade de Janaúba – MG. Para isso, foi realizado um estudo qualitativo, na configuração de pesquisa-intervenção, no qual foi implantado um grupo GAM nesse serviço. Participaram do estudo seis profissionais e doze usuários do serviço de saúde. Para a coleta de dados, foi utilizada a entrevista semiestruturada, realizada em dois momentos: antes (M1) e após (M2) a participação dos citados nos grupos GAM. As entrevistas foram gravadas, transcritas e tratadas no software ATLAS.ti, por meio da técnica de Ciclos de Codificação, e examinadas posteriormente pela Análise de Discurso, teoricamente instrumentalizada pelos estudos da Micropolítica do Processo de Trabalho em Saúde e pelo exame qualitativo de suas tecnologias de cuidado. Definiram-se três categorias axiais relativas à dimensão micropolítica do cuidado, sendo: o plano institucional, relativo à descrição dos participantes sobre sua rotina; os espaços intercessores, desenvolvidos nas relações intersubjetivas dos atores; e a produção subjetiva dos agentes nos modos de significar e agir em saúde. Revelaram-se dissonâncias entre os enunciados alusivos à política da atenção psicossocial, com a concorrência de concepções e tecnologias de cuidado emancipatórias e restritivas, as quais se adensam no tratamento medicamentoso. Concluiu-se a importância da análise micropolítica do cuidado no tratamento psicofarmacológico, favorecendo os processos de contratualidade, protagonismo e autonomia do usuário.
URI: https://repositorio.unimontes.br/handle/1/904
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